,
Marques Rebelo

Marques Rebelo’s Followers (4)

member photo
member photo
member photo
member photo

Marques Rebelo


Born
Rio de Janeiro, Brazil

Marques Rebelo (nome literário de Edi Dias da Cruz), jornalista, contista, cronista, novelista e romancista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de janeiro de 1907, e faleceu na mesma cidade em 26 de agosto de 1973.

Era filho do químico Manuel Dias da Cruz Neto e de D. Rosa Reis Dias da Cruz. Sua infância dividiu-se entre Vila Isabel, onde nasceu, e a cidade mineira de Barbacena, para onde sua família se mudou quando ele tinha quatro anos. O que nunca lhe faltou, no Rio ou em Minas, foi um terreno baldio para jogar futebol e livros para ler. Além dos livros de ficção da biblioteca de seu pai, aos onze anos já tinha lido autores que os outros só leem quando adultos: Buffon, Flaubert, Balzac e os clássicos portugueses. Aos 15 anos o conheciment
...more

Average rating: 4.09 · 1,304 ratings · 92 reviews · 50 distinct worksSimilar authors
A estrela sobe

3.71 avg rating — 114 ratings — published 1939 — 8 editions
Rate this book
Clear rating
O Trapicheiro

3.94 avg rating — 18 ratings — published 1959 — 2 editions
Rate this book
Clear rating
Correio europeu

4.07 avg rating — 14 ratings2 editions
Rate this book
Clear rating
Marafa

3.64 avg rating — 14 ratings — published 1935 — 5 editions
Rate this book
Clear rating
Oscarina

3.91 avg rating — 11 ratings — published 1973 — 2 editions
Rate this book
Clear rating
Cenas da vida brasileira

4.33 avg rating — 9 ratings — published 1951
Rate this book
Clear rating
O simples coronel Madureira

2.90 avg rating — 10 ratings — published 1967 — 2 editions
Rate this book
Clear rating
A Mudança

4.33 avg rating — 6 ratings — published 1984 — 3 editions
Rate this book
Clear rating
O Melhor do Conto Brasileiro

by
really liked it 4.00 avg rating — 6 ratings2 editions
Rate this book
Clear rating
A odisséia de Homero

by
really liked it 4.00 avg rating — 5 ratings
Rate this book
Clear rating
More books by Marques Rebelo…
A guerra está em nós A Mudança O Trapicheiro
(3 books)
by
3.90 avg rating — 30 ratings

Quotes by Marques Rebelo  (?)
Quotes are added by the Goodreads community and are not verified by Goodreads. (Learn more)

“24 de dezembro

A estrela da tarde está subindo no céu com o seu brilho mais puro. Um momento de tréguas na crueza de nossas vidas!”
Marques Rebelo, O Trapicheiro

“9 de fevereiro [1941]

Cavalete ao ombro, grande baú pintado no cocuruto da cabeça pixaim, com uma folha de laranjeira contra os lábios, o doceiro emitia esperadíssimos sons anunciando-se à freguesia. Cocada brancas e pretas, quindins, bons-bocados, papos-de-anjo, pastéis de nata, bolinhos de cará, beijus, balas de ovo, de leite de coco, de guaco – ótimas para a tosse! Um universo de açúcar.

Era velho o preto, chamava mamãe de Iaiá, tinha sempre uma bala de quebra para Cristinha. Sua hora era pelo meio do dia, quando o sol ia a pino. Três vezes passava o padeiro empurrando a barulhenta carrocinha aprovisonadora. Deixava-se entregue à vigilância de um moleque e lá ia, peludo e bigodudo, de casa em casa, a cesta coberta com um pano braço que já fora saco de farinha. Pão francês, pão alemão, pão italiano (um pouco massudo), pão-de-provença, de milho, de forma, de ovo, pão trançado, pão-cacete e periquitos – a três por um tostão, obrigatórios nas merendas escolares – e roscas de barão, rosquinhas de manteiga, caramujos, tarecos, cavacos, joelhinhos, bolachas de água e sal. Tudo quente, cheiroso, estalando – a vida abundante, solícita, módica, vida provinciana para sempre extinta.”
Marques Rebelo, A Mudança

“1914. A grande ambição carnavalesca era usar lança-perfume. Havia tubos para crianças, finos como dedos. Bisnagava-se até cachorro!

Na terça-feira gorda, o chão da Avenida tinha um palmo de confetes, os préstitos eram o delírio do ouropel — clarins, marchas triunfais, fogos-de-bengala, caracolantes ginetes abrindo os cortejos — gato, baeta, carapicu! — bamboleantes sóis, planetas, constelações, Vulcano, Júpiter, Netuno, mitológicos deuses paralisados em gestos de sarrafo e papelão, giratórias esferas rutilantes que se abriam em gomos para desvendar, por instantes deslumbrados, deidades semi-nuas, atirando beijos, para a multidão comprimida, com a ponta dos dedos inatingíveis.

Saímos de tardinha, providos de farnel — sanduíches, pastéis, coxinhas de galinha — levávamos horas no bonde se arrastando aos arrancos, íamos postar-nos numa esquina propícia, sobre caixotes, para esperar o desfile de proverbial atraso.

Mas se a chama foliona se extinguia na cidade, entre missas, sinos e beatas, na manhã de quarta-feira, prolongava-se em nossa casa por muitos dias além com restos de serpentinas pendentes dos gradis, saldos de confetes tapizando sala de jantar, trono, capitel, concha ou nenúfar, donde Madalena reclinada, soberana, envolta em rotos filós de antigos cortinados, com as faces tingidas por carmim, os cabelos coroados por um desperdício de fitas, atirava em gestos longos cachoeiras de beijos para uma suposta multitude de súditos e adoradores. E a mim, dormido ou acordado, me perseguia incessante, priapística, a luxuriosa visão daquelas deidades apoteóticas, floração de um horto inacessível, habitantes olímpicas, deusas! deusas! pois como poder entrosá-las na fauna feminil que eu conhecia, mesmo a esterlina mulher de doutor Vítor, que era estrangeira e fumava?”
Marques Rebelo, O Trapicheiro



Is this you? Let us know. If not, help out and invite Marques to Goodreads.