Os Irmãos Karamázov I

The Brothers Karamazov (2 Volumes) #1

by Fyodor Dostoevsky, Nina Guerra (Tradução), Filipe Guerra (Tradução)

1ª e 2ª partes.

O último grande romance de Dostoiévski (1879-1880), terminado pouco tempo antes da sua morte, em São Petersburgo (1881) vem, juntamente com as obras «Crime e Castigo» (1886), «O Idiota» (1868) e «Os Possessos» (1871-72), provar que a fase final da sua vida foi, sem dúvida, a mais produtiva. «Os Irmãos Karamázov» é uma das mais geniais criações literárias de todos os tempos. Analista rigoroso do comportamento humano, Dostoiévski traz à tona o próprio sentimento de culpa pelo assassínio do pai. O autor debate de uma forma sublime as infindáveis dicotomias da natureza humana, revelando uma inquietação que é já a do homem moderno.

Genres: Classics, Fiction, Russian Literature, Romance, Russia, Literature, Roman

392 pages, Paperback

First published November 18, 1879

About the author

Фёдор Михайлович Достоевский (Russian)

Works, such as the novels Crime and Punishment (1866), The Idiot (1869), and The Brothers Karamazov (1880), of Russian writer Feodor Mikhailovich Dostoyevsky or Dostoevski combine religious mysticism with profound psychological insight.

Very influential writings of Mikhail Mikhailovich Bakhtin included Problems of Dostoyevsky's Works (1929),

Fyodor Mikhailovich Dostoevsky composed short stories, essays, and journals. His literature explores humans in the troubled political, social, and spiritual atmospheres of 19th-century and engages with a variety of philosophies and themes. People most acclaimed his Demons(1872) .

Many literary critics rate him among the greatest authors of world literature and consider multiple books written by him to be highly influential masterpieces. They consider his Notes from Underground of the first existentialist literature. He is also well regarded as a philosopher and theologian.

(Russian: Фёдор Михайлович Достоевский) (see also Fiodor Dostoïevski)

Reviews

[Luís · Rating 5 out of 5]

For me, this book is one of the masterpieces of world literature because Dostoyevsky contains everything: theological presentations, a detective story, love stories, and a lot of humanity.
A must-read and re-read!

[Maria Espadinha · Rating 5 out of 5]

O Crente, o Devasso e o Ateu


Dostoyevsky, na sua vasta obra, oferta-nos um quadro da alma humana em toda a sua complexidade espectral — das zonas mais claras às mais negras, sem descurar os múltiplos tons cinza, elas estão lá todas, esmiuçadas e espelhadas, para mera observação ou empática contemplação …

Desta feita e basicamente, serão explorados 3 protótipos: o devasso (total e parcial), o espiritual religioso e o intelectual ateu. E iremos conhecê-los todos juntos, agregados numa familória, onde, tal como num ringue, se batem e debatem, mostrando como a vida os trata e maltrata…

Numa escrita trocista, que rasa o burlesco, a história dos Irmãos Karamazov desenrola-se devagar, sem contudo entediar...
São 5 estrelas nada favorecidas 👍👍👍👍👍

Nota: Deixo aqui um louvor à brilhante tradução do casal Guerra que foi efetuada diretamente a partir do russo, conferindo um maior grau de autenticidade à obra

[Tiago Fragata · Rating 5 out of 5]

Obra sublime!

Normalmente não aprecio afirmações do género: “Eh pá, este é o melhor livro que alguma vez li…Não há melhor!”, evito sempre cair nesta tentação. Mas o livro Irmãos Karamázov é sem dúvida uma obra que ficará gravada para sempre na minha memória e foge um pouco do “Normalmente não aprecio”.
Desde que li o Idiota, O Jogador e o Crime e Castigo, o Fiódor Dósteivski (F.D.) sempre foi para mim um escritor que se diferenciou de todos os outros, não só pela sua facilidade em caracterizar todo o tipo de personagens, mas também como os expõe intimamente e consegue lidar com as suas vozes interiores...é deveras único!
Ler um livro do F.D. é sempre uma descoberta sobre nós próprios, sobre as idiossincrasias de cada um de nós, é compreender as atitudes/acções bizarras (achamos nós) do nosso amigo ou familiar.

Voltando ao livro, os Irmãos Karamázov é um romance que retrata uma família de 3 irmãos oriundos de uma pequena cidade da Rússia que, embora filhos do mesmo pai, tiveram educações e trajectos diferentes durante a sua infância.
O pai Karamázov é um pai distante, que abandonou e desinteressou-se pela educação dos filhos, é um indivíduo narcisista e desonesto, que enriqueceu à custa de heranças de ex-mulheres. A partir daqui F.D. cria o enredo em volta dos irmãos, Dmítri Karamázov (DK), Ivan Karamázov (IK) e Aleksei Karamázov (AK). AK é um indivíduo com o qual qualquer leitor facilmente se identifica: altamente justo, educado, honesto e emocionalmente equilibrado. F.D. caracteriza esta personagem para fornecer claramente ao leitor a ideia do ser humano utópico, o ser que todos nós gostaríamos de ser. O IK é o irmão que teve oportunidade de ir estudar para Moscovo, que teve formação e se tornou numa pessoa culta, é ateu e niilista. DK é um ex-militar que está em constante conflito com o pai por razões financeiras. É um indivíduo ingénuo, excêntrico. IK e DK são personagens que me fizeram sentir que ora os odiava, ora os admirava, e isto aconteceu-me como todas as personagens, excepção para uma outra que representa claramente a maldade. Existem outras personagens importantes no livro, mas que, caso comece a descrevê-las, completo o III volume dos Irmãos Karamázov, por isso opto por nao o fazer.
Ao longo da obra F.D. surgem as perpétuas dúvidas existenciais, a riqueza dos diálogos, a sátira à sociedade de então, etc. A extensão desta obra permite expor os problemas sociais, caracterizar a humanidade, os seus defeitos e as suas virtudes, com uma clareza e astúcia muito difícil de encontrar noutros livros. Outros valores são discutidos, como a religião, a política e a justiça, mas o que realmente se eleva é a humanidade. A parte final (não vou reproduzir) é deveras um incentivo à mudança e um sinal para as gerações vindouras…
Apesar de ter sido escrito há quase 150 anos, identificamo-nos claramente com as personagens e comparamo-las constantemente com as que preenchem o nosso quotidiano, com o qual observamos inúmeras semelhanças!

São estes livro, bem como A morte de Ivan Ilitch, O Idiota e tantos outros que me fazem tomar a literatura russa como uma referência. A sua preocupação na busca de um Homem melhor, a criação de enredos com a base nas relações humanas, em detrimento daqueles romances sobre o amor bacoco, são os pilares de todos estes grandes autores.

Obrigo à leitura!

P.S: Quando terminei o I volume comentei, “acho que qualquer psicólogo adoraria ler este livro…”. Vim a saber entretanto que foi considerado o melhor romance pelo Sigmund Freud…

[Nelson Zagalo · Rating 5 out of 5]

Não quero dizer muito, a primeira parte tem momentos sublimes, uma escrita de excelência, nota-se uma enorme solenidade, mas ainda se fica em muitas das linhas do enredo na introdução, de modo que quero ler o todo para depois poder fechar a minha ideia sobre este primeiro tomo.

Análise completa: http://virtual-illusion.blogspot.pt/2...

[Ana]

Terminado o primeiro volume, ainda não sei muito bem o que pensar. Tenho estado a ler a edição de capa dura da Edição Amigos do Livro a par com a versão inglesa do Projeto Gutenberg (tradução de Constance Garnett), porque em português há partes do texto que não me parecem fazer muito sentido.

Assim, vou oscilando entre a desilusão com alguns personagens que me parecem mais “tipos” ou caricaturas do que verdadeiras personagens (o que provavelmente é propositado), e o prazer com as partes filosóficas entremeadas no texto. As estrelas e a resenha completa ficam para quando terminar o último volume.

[Paulo Hora · Rating 5 out of 5]

Irei fazer a review no final do 2º volume. Deve demorar pouco tempo :)

[Maria Ferreira · Rating 4 out of 5]

Findo o primeiro livro, não me sinto arrebatada pela história, um pai excêntrico e 3 filhos homens, um mulherengo, um profano e um monge. Duas mulheres, uma rameira por quem pai e filho se digladiam e uma donzela histérica e vacilante na escolha de qual dos irmãos se pretende unir, um monge que vai apanhando os cacos dos reveses familiares e esforça-se por reconstruir a união familiar, digamos que tem tido algum insucesso.

É um romance filosófico onde o autor cria uma história romanceada, mas, sobretudo evidencia enormes preocupações com o ser humano, individual e coletivo. As características psicológicas dos personagens, assim como as suas ações evidenciam os lineamentos políticos, sociais e religiosos da sociedade à época: o humanismo eleva-se, assim como o respeito pela mulher enquanto cidadã, a degradação social da família quando o patriarca morre é mais uma preocupação que o autor traz ao palco, a falta de fé do povo devido ao sofrimento continuo e injusto está implícito ao longo do texto, assim como as assimetrias entre pobres e ricos, uns vivem miseravelmente e outros esbanjam em loucuras desnecessárias, em suma, a desacreditação da igreja é inversamente proporcional à fé crescente no homem e no estado.

Vamos prosseguir…

[Adriana Scarpin · Rating 5 out of 5]

Meu amor pelo Ivan Karamazov é infinito, tudo relativo a ele é como se raios de sol vertessem do meu próprio âmago, mas tenho que contar que aquelas dezenas de últimas páginas referentes ao monge deste volume foram extremamente difíceis de serem lidas, presumo que toda essa filosofia cristã terá um desenrolar especial no próximo volume, mas aqui foi extremamente enfadonho passar por isso.

[عبدالله اليعقوبي · Rating 4 out of 5]

انتهى الجزء الأول.
ديميتري .. أليوشا .. إيفان..
التقييم سيكون في آخر الأجزاء الأربعة .. بعد أن تتضحلي الفكرة أكثر ..

[JuDe JuDe · Rating 5 out of 5]

Si dieu n'existait pas, il faudrait l'inventer. Et, en effet, c'est l'homme qui a inventé dieu .......

[Marise Correia · Rating 5 out of 5]

o segundo tomo tem que ser muito ruim pra esse livro não ir pro pódio de favoritos.

[Afonso Amorim · Rating 5 out of 5]

Agora só falta a segunda parte😳

[André José · Rating 5 out of 5]

Sempre ambicionei ler toda a obra de Fyodor Dostoevsky desde que, no secundário, fui introduzido ao mesmo por intermédio da minha professora de Português. Muito lhe agradeço, desde aí, pelo carinho que me tinha ao ponto de me apresentar tão bons escritores. Nesses dias fez-me abrir "Crime e Castigo", livro que me cativou de modo muito especial, na medida em que jogou com o meu intelecto, tocou-lhe, tal como à minha mente, fazendo apaixonar-me por literatura russa.

Nesse sentido outros se sucederam; Deste mesmo autor, "Os Irmãos Karamázov" foi um dos últimos títulos que essa mesma professora me sugeriu; ficou a promessa de que, no futuro, o leria integralmente. Eis o momento. Numa das minhas visitas a um alfarrabista de minha consideração encontro, ali mesmo, visível, quase como "acabado de ser deixado", o primeiro volume, nesta mesma edição da Presença. Soube que era tempo de ser meu, soube que seria a minha próxima leitura; dito e feito! Aqui está, nas minhas mãos. Leitura lenta, muito lenta, densa, muito densa, preciosa, preciosíssima...

Somos introduzidos a personagens muito memoráveis, tanto quanto Raskolnikov de "Crime e Castigo", ou até mesmo Myshkin de "O Idiota"; particular espanto me provocou ver certas características desses mesmos personagens incluídas em Aliocha, Ivan, Dmitri e Fyodor.

Neste primeiro volume são-nos apresentadas personagens de personalidades muito distintas e cujas vidas não só se descruzam nessa premissa como se acabam por afamar no momento em que se cruzam.

Fyodor divide as componentes humanas (espírito, mente e corpo) nos três irmãos: O espírito representado em Aliocha, de enorme devoção e fé, com todos os contornos que esta lhe traz à vida; a mente em Ivan, que sempre rejeita a emoção, privilegiando o raciocínio, a análise e o sentido crítico; o corpo em Dmitri, o qual semeia em si todas as emoções e as pratica e exterioriza - muitas das vezes, sob a forma de violência.

Por outro lado temos acesso à história de Fyodor, um pai desde cedo ausente, imprudente, boémio, ébrio, sem consciência moral e lascivo, o qual, pela sua temperança, faz com que todos os irmãos se cruzem em toda a trama que envolve as suas relações. Vemos, com isso, as interações conjuntas de todas as componentes supracitadas.

Encantei-me com o pensamento de Fyodor Dostoevsky na contemporaneidade desta obra - moderno e rebuscado nas questões levantadas sobre a existência de Deus, o sentido da vida e a importância da fé no rumo da humanidade.

É, aliás, nessa mesma premissa que surge uma das citações mais prementes de esclarecimento em todo este primeiro volume e que, me parece, trará conteúdo para o II volume:

“Em verdade, em verdade vos digo que se o grão de trigo que cai na terra não morrer, fica infecundo; mas se morrer, produz muito fruto”

Mal posso esperar por ler a continuidade e perceber que rumo todos os personagens terão.

[Adoria]

Cette lecture a été très très dense. Il s'agit d'un tome introductif, où chaque personnage, son passé et sa morale sont présentés, pour en arriver à un point précis, démarrage de l'intrigue du deuxième tome qui va tous les mettre en difficulté. L'histoire n'est qu'un prétexte pour explorer des enjeux politiques, philosophiques et moraux attenant à la Russie de Dostoïevski. Très intéressant, mais il faut être préparé pour pouvoir en saisir toute l'ampleur...

[Andrez Santos · Rating 3 out of 5]

Pessoal desculpem lá , mas foi uma seca.

[Veronikask · Rating 5 out of 5]

Thought of charli xcx’s Apple a couple of times throghout, can’t wait for Part II, also didn’t think I’d enjoy theological concepts so much

[hugo · Rating 3 out of 5]

No geral lê-se bem apesar de denso, mas houve demasiadas partes em que sentia que estava numa plateia a assistir a um teatro, e não conseguia estar absorvido pela peça, estava só a olhar para o relógio a ver se faltava muito. Há todo um exagero constante que se torna cansativo, bem como o tema da religião. E é só a primeira parte.

[Sara · Rating 4 out of 5]

As expectativas são altíssimas para este livro.
Ainda me estou a ambientar ao ritmo do Dostoiévski de forma regrada e sem tentar colocar pressão.
Até ao momento sinto que não tenho a concentração necessária para absorver tudo aquilo que o livro tem para me dar, no entanto, espero conseguir fazê-lo assim que a leitura começar a fluir.

[Livros · Rating 5 out of 5]

Tal como o Crime e Castigo, é preciso ler esta obra!

[Rodrigo · Rating 5 out of 5]

A malevolência honesta dos personagens é assustadora, ainda mas quando revela características humanas das quais nunca é agradável tratar.

[Andreia Marques · Rating 4 out of 5]

An die Freude!

[Laurore T · Rating 3 out of 5]

Ce monument de la littérature m'a beaucoup surprise par sa lenteur, la longueur des échanges... Leur profondeur est une véritable source de réflexion.

[Marcelo Tempes · Rating 5 out of 5]

"Não tememos muito todos aqueles socialistas, anarquistas, ateus e revolucionários; nós sabemos o que eles fazem. Mas entre eles há uma categoria especial, na verdade pouco numerosa: são os que acreditam em Deus, ao mesmo tempo que são socialistas. Estes, nós os tememos mais do que todos, são pessoa terríveis! O socialista cristão é mais perigoso que o socialista ateu".

"Quem mente a si mesmo e ouve a própria mentira chega a não distinguir mais a verdade, nem em si, nem no mundo ao redor; então perde o respeito por si mesmo e pelos outros. A pessoa que não respeita ninguém deixa de amar e, para ter alguma ocupação e distração na ausência do amor, dedica-se às paixões e aos prazeres grosseiros; chega ao estágio animal em seus vícios, e tudo isso em virtude da mentira contínua a si mesmo e aos outros. Quem mente a si mesmo pode ser o primeiro a ser ofendido. Às vezes sente-se prazer em ofender a si mesmo, não é verdade? A pessoa sabe que ninguém a ofendeu, mas ela mesma passou a ofender-se, pintando o quadro nego com prazer, agarrando-se a uma palavra qualquer e transformando um montículo em uma montanha - ela sabe, mas é a primeira a ofender-se, chegando assim a experimentar uma grande satisfação; assim, ela chega ao verdadeiro ódio..."

"Lembre-se sempre, meu jovem, a ciência do mundo se desenvolveu, principalmente em nosso século, dissecou os nossos livros sagrados e, depois de uma análise impiedosa, não deixou nada intacto. Mas, dissecando as partes, os sábios perderam de vista o todo, e a sua cegueira é surpreendente. O todo se levanta antes seus olhos, tão intocável quanto antes, e o inferno não prevalecerá sobre ele. O Evangelho não tem dezenove séculos de existência, não vive ainda agora nas almas dos indivíduos, bem como nos movimentos de massas? O Evangelho persiste - sempre intocável - nas almas dos ateus destruidores de todas as crenças! Pois os que renegam o cristianismo e se revoltam contra ele, eles mesmos permanecem, no fundo, fiéis a imagem de Cristo, pois nem a sua sabedoria nem a sua paixão puderam criar para o homem, um modelo superior ao indicado por Cristo. Toda tentativa nesse sentido foi vergonhosamente derrotada. Lembre-se disso, jovem, pois seu mestre moribundo o envia ao mundo. Talvez, ao lembrar-se deste grande dia, não se esquecerá destas palavras, que lhe dirijo para o seu bem, pois você é jovem, grandes são as tentações do mundo, e, sem dúvida, não terá forças para suportá-las. Agora vá, pobre orfão."

"O mundo proclamou a liberdade, principalmente nos últimos anos; mas o que representa essa liberdade? Nada além de escravidão e suicídio! Pois o mundo diz:
- Você tem necessidades, satisfaça-as, você tem os mesmos direitos que têm os grandes e os ricos. Então, não tema saisfazê-las, multiplique-as - eis o que agora ensinam. Assim eles concebem a liberdade; E o que resulta desse direito à multiplcação das necessidades? Entre os ricos, a solidão e o suicídio espiritual; entre os pobres, a inveja e o assassinato, pois lhes conferiram direitos, mas ainda não lhes indicaram os meios de satisfazer as suas necessidades. Garantem que o mundo, abreviando as distâncias, transmitindo o pensamento através do ar, vai se unir cada vez mais, que a fraternidade reinará. Ai! Não acreditem nessa união dos homens! Concebendo a liberdade como crescimento das necessidades e sua pronta satisfação, eles alteram sua própria natureza, pois dão origem a uma multidão de desejos insensatos, de hábitos e imaginações absurdas. Só vivem para invejarem uns aos outros, para a sensualidade e a ostentação."

"Nosso povo sempre crê incansavelmente na verdade, tem fé em Deus, chora de forma comovente. O mesmo não acontece entre as classes superiores. Estas seguem os passos da ciência, querem se organizar de forma justa, só pela razão, mas sem Cristo, como antigamente, e já proclamaram que o crime não existe, que não há mais pecado. Aliás, de seu ponto de vista, têm razão: se Deus não existisse, onde estaria o crime? Na Europa, o povo já se levanta, pela força, contra os ricos, em toda parte seus líderes o levam a derramar sangue e lhe ensinam que sua cólera é justa."

Maldita sua cólera por seu rigor,
maldito seu furor por sua dureza.
Gênesis 49:7

"Sem dúvida, um jovem que recebe com prudência as impressões do coração, já tendo aprendido a amar não mais com ardor, mas friamente, e a pensar com exatidão, embora de forma razoável demais para a sua idade; um adolescente já plenamente maduro - logo, um ser não muito interessante - evitaria o que aconteceu ao meu herói; mas, em certos casos, na verdade, é mais honroso ceder a um impulso, mesmo irracional, mas originário de um amor imenso, do que não lhe ceder de forma alguma. Ainda mais na primeira juventude, pois um jovem sempre razoável é pouco seguro e de pouco valor, eis a minha opinião!"

"Então, saibam que não há nada mais nobre, mais fortes, mais saudável, mais útil, na vida, do que uma bela lembrança, principalmente uma lembrança de infância, vinda da casa paterna. Falam-lhes de sua educaão, mas uma bela lembrança, sagrada, guardada desde a infância, talvez seja a melhor educação. Se nós levamos muitas dessas lembranças ao longo de toda a vida, estamos salvos para sempre. E, mesmo se uma só dessas lembranças permanece em nosso coração, um dia ela pode servir para nos salvar. Talvez até mesmo nos ternemos maldosos, mais tarde, talvez não possamos resistir a uma má ação, zombando das lágramas dos outros, rindo do que dizem, como Kólia, agora já pouco: "Eu quero sofrer por toda a humanidade!", destes também zombaremos, talvez, mecanicamente. Entretanto, por mais maldosos que nos tornemos - Deus nos livre! -, ao lembrar-nos de como enterramos Iliucha, de como o amamos nesses últimos dias, de como falamos de forma tão amiga, todos unidos perto desta pedra; se nós nos tornarmos maus, o mais cruel de nós, o mais irônico, não ousará, assim mesmo, em seu foro íntimo, rir, por ter sido bom, neste momento! Mais ainda: talvez justamente esta lembrança o livre de um grande mal, e ele mudará, ao dizer: "Sim, então eu era bom, corajoso e honesto". Se ele rir sozinho, não importa: o homem sempre zomba do que é bom, do que é belo; isto é apenas leviandade de espírito; mas assseguro-lhes, meninos: rindo, ele logo se dirá, em seu coração: "Não, eu estava errado ao rir, pois não se pode zombar disso!"

[Filipe Fonseca · Rating 5 out of 5]

"Para transformar o mundo é preciso que as pessoas enveredem, psicologicamente, por outro caminho. Antes de nos tornarmos irmãos de cada qual não haverá fraternidade. Nunca as pessoas concordarão, com base em qualquer vantagem ou em qualquer ciência, partilhar com justiça a sua propriedade e os seus direitos. Cada qual achará que recebeu pouco, toda a gente se queixará, invejará os outros e exterminá-los-à. Pergunta-me quando se realizará esse sonho. Realizar-se-á, sim, mas primeiro deve acabar o período da "solidão humana".
Cada um, hoje em dia, deseja isolar cada vez mais a sua pessoa, quer experimentar em si mesmo a plenitude da vida e, no entanto, o resultado é que todos os seus esforços, em vez de plenitude de vida, acabam num suicídio absoluto, porque em vez da plenitude da definição da sua personalidade entra num isolamento total.
Porque todos no nosso século se separaram, cada qual se isolando na sua toca, cada qual se afastando do outro, escondendo-se e escondendo o que possui, acabando por rejeitar os outros e ser rejeitado pelos outros. Acumula a sua riqueza em solidão e pensa: que forte eu sou, que rico... e mal sabe, o louco, que quanto mais acumula mais mergulha na impotência suicida.
Hoje, por todo o lado, a mente humana irónica começa a perder consciência de que o verdadeiro sustento do individuo não consiste no seu esforço pessoal e solitário, mas num esforço em comunidade humana. É inevitável, porém, que chegue o fim deste terrível isolamento e que se compreenda, de uma vez por todas, como é antinatural esta separação de uns dos outros."

[Simona Ja · Rating 5 out of 5]

"Paliepsnosi ir užgesi, išsigydysi ir namo grįši"

[João Costa · Rating 3 out of 5]

"Tal qual um médico me confessou há muito. Era um homem já de idade e com um inteligência incontestável. Falava do mesmo modo sincero, embora com ironia, mas uma triste ironia. Gosto da humanidade, dizia ele, mas eu próprio me admiro: quanto mais gosto da humanidade em geral, menos gosto das pessoas em particular, isto é, das pessoas em separado, das pessoas concretas. Nos meus sonhos, dizia ele, chego muitas vezes às ideias apaixonadas de servir a humanidade e, se calhar, seria mesmo capaz de subir ao calvário pelas pessoas se de repente isso fosse necessário; ao mesmo tempo, sou incapaz de conviver com alguém no mesmo quarto durante dois dias, digo-o por experiência. Mal alguém fica perto de mim, logo a sua personalidade me oprime o amor-próprio e me constrange a liberdade. Sou capaz de ganhar ódio, de um dia para o outro, à melhor das pessoas: odeio este porque come devagar ao almoço, odeio aquele porque está constipado e não pára de assoar o nariz. Basta as pessoas tocarem-me ao de leve, dizia-me ele, para me tornar inimigo delas."

[Suellen Rubira · Rating 5 out of 5]

O Dostoievski sempre se puxa na composição das personagens. Trazendo a narração sobre essa família - na realidade, sobre um membro dela, Alieksiêi Karamazov - cujas reviravoltas são instigantes, ele faz como sempre as suas críticas sociais, colocando o dinheiro como um dos elementos centrais, e, como tínhamos em "O idiota", o elemento "mártir", estou lançando suposições que seja Aliócha (Alieksiêi). Uma grande desgraça se aproxima dessa família, ainda não descobri qual é. Isso ficou para o segundo volume. Aliás, o volume 1 termina com um cliffhanger digno de série da showtime. Thanks, Dosto.

[Marcio Atz · Rating 5 out of 5]

De fato uma obra maravilhosa. O autor mostra todo o seu talento, fica claro o porque de sua relevância histórica. No decorrer de sua provocante estória, produz através de seus personagens, os mais profundos debates sobre o bem e o mau, a fé e o ateísmo, os debates iniciais do pensamento socialista na Russia, tudo em uma história cativante e muito envolvente. Conceda-se o tempo desta leitura.

[Awni F. · Rating 5 out of 5]

كنت قد نويت أن لا أكتب مراجعة حتى ، حتى انتهي منها ، ولكنني أرفق هذه التدوينة المتعلقة بفصل الاب زوسيما

هل ستنتهي حياتك على الأرض بعد موتك؟! http://wp.me/s1BFE9-nevedie تدوينة جديدة ، في ضوء قراءة #الأخوة_كرامزوف #صالون_الجمعة

[Bernardo Moura · Rating 5 out of 5]

Que romance! Foi uma grande surpresa, tinha idealizado algo completamente diferente. O leque de personagens de Dostoievsky é vasto e cada uma delas é extraordinariamente única. Imperdível.