Librarian's Note: this is an alternate cover edition - ISBN 10: 8525410438
Nos contos de Caio Fernando Abreu, o leitor encontrará um retrato desesperado do Brasil contemporâneo, repleto de imagens sensoriais, descritas com uma linguagem lírica e poderosa. Neste livro são apresentados os seguintes contos: 'Porta-retrato'; 'Os Sapatinhos Vermelhos'; 'Sargento Garcia'; 'Uma História de Borboletas'; 'Além do Ponto'; 'Paris Não é Uma Festa'; 'Para Uma Avenca Partindo'; 'Os Sobreviventes'; 'Pela Passagem de Uma Grande Dor'; 'Aqueles Dois'; 'O Inimigo Secreto'.
Caio Fernando Loureiro de Abreu nasceu no dia 12 de setembro de 1948, em Santiago, no Rio Grande do Sul. Jovem ainda mudou-se para Porto Alegre onde publicou seus primeiros contos. Cursou Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, depois Artes Dramáticas, mas abandonou ambos para dedicar-se ao trabalho jornalístico no Centro e Sul do país, em revistas como Pop, Nova, Veja e Manchete, foi editor de Leia Livros e colaborou nos jornais Correio do Povo, Zero Hora, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo.
No ano de 1968 — em plena ditadura militar — foi perseguido pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), tendo se refugiado no sítio da escritora e amiga Hilda Hilst, na periferia de Campinas, São Paulo.
Considerado um dos principais contistas do Brasil, sua ficção se desenvolveu acima dos convencionalismos de qualquer ordem, evidenciando uma temática própria, juntamente com uma linguagem fora dos padrões normais.
Em 1973, querendo deixar tudo para trás, viajou para a Europa. Primeiro andou pela Espanha, transferiu-se para Estocolmo, depois Amsterdã, Londres — onde escreveu Ovelhas Negras — e Paris. Retornou a Porto Alegre em fins de 1974, sem parecer caber mais na rotina do Brasil dos militares: tinha os cabelos pintados de vermelho, usava brincos imensos nas duas orelhas e se vestia com batas de veludo cobertas de pequenos espelhos. Assim andava calmamente pela Rua da Praia, centro nervoso da capital gaúcha.
Em 1983 transferiu-se para o Rio de Janeiro e em 1985 passou a residir novamente em São Paulo. Volta à França em 1994, a convite da Casa dos Escritores Estrangeiros. Lá escreveu Bien Loin de Marienbad.
Ao saber-se portador do vírus da AIDS, em setembro de 1994, Caio Fernando Abreu retorna a Porto Alegre, onde volta a viver com seus pais. Põe-se a cuidar de roseiras, encontrando um sentido mais delicado para a vida. Foi internado no Hospital Menino Deus, onde posteriormente veio à falecer.
o maior pecado da cena audiovisual brasileira é que não existe uma série de curtas baseadas nos contos do Caio; eles até já vem com a trilha sonora indicada. Marina POR FAVOR faça cinema e corrija este rombo na cultura nunca te pedi nada
Primeiro contato com Caio Fernando Abreu e foi magnífico. Pequenos contos, sucintos, mas de uma força absurda. Como que suspensos, os fins não se encerram, pairam no tempo, são fragmentos, pequenos recortes da vida dos personagens construídos por Abreu que formam uma colcha de retalhos de amores, dores, loucuras, desejos e segredos.
Sempre um prazer passar um tempo com o Caio! 8 Histórias que já me eram familiares, mas que se tornaram novidade por alguns momentos. Perceber outras nuances nos personagens, entender mais dos contextos pessoais dele durante a escrita enriqueceram muito a experiência.
Não recomendo como primeira leitura dele, mas é uma ótima coleção. :)
Caio, sempre grande, sempre meu, em seus fluxos de consciência e escrita generosa, é o maior Contista desse país; cada dia mais necessário - em paixões e observações (de dentro para fora e de fora para dentro) -, Caio me comove (e)ternamente.
Antes deste livro, meu único contato com Caio F. tinha sido a partir de Dodecaedro (em Triângulo das Águas) e do filme "Aqueles dois" (conto que está presente neste livro). Contos rápidos, diretos e certeiros como o corte de uma faca: viscerais, escritos com o de-dentro. Livro para ser lido numa tarde morna, para ser devorado sob a luz de um fim de tarde. Caio escreve com a melancolia de quem viveu sem viver, mas que ainda vive acima de tudo. Suas palavras ainda vibram na cabeceira das páginas. Mas não é para isso que serve a literatura? Para fazer oscilar?...