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Textos > As pedras de Aurea 1 - Cap.0

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message 1: by Claudia (new)

Claudia | 33 comments Cap. 0 = basicamente é o prologo, uma vez que o capitulo 1 nada tem a ver com o que 0. O 1 começa com Anaísa a personagem principal que tem 17 anos e vive nos nossos dias com o pai, a madastra e dos seus 2 meios irmãos.
Alterei muito este cap. 0 desde a primeira vez.


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Outro grito. Nór fechou os olhos forçando-se a permanecer onde estava. Os gritos de Saby arrepiavam-no de morte. O silêncio calmo da noite contrastava com a agitação que se fazia sentir dentro das paredes que os seus antepassados tinham vivido desde que Aurea era um dos cinco reinos. Tudo à sua volta se encontrava em grande alvoroço, deixando-o cada vez mais nervoso. Como o tinham convencido a esperar no corredor em vez de estar lá dentro do quarto, apoiando-a? Pelas divindades! Quando é que aquilo iria terminar? O sofrimento da sua esposa dilacerava-lhe o coração.

Observava as aias correrem como abelhas numa colmeia, todas partilhando um ar tão sério e aparentando não saberem muito mais o que fazer num momento tão delicado e importante como aquele: o momento do nascimento do seu primeiro filho.

Ninguém lhe dava noticias, todas fugiam dele com receio. Haveria alguma coisa que ele pudesse fazer para ajudar Saby?

Só desejava saber o que se passava dentro daquele quarto. Naquele instante não era um rei, era apenas um homem como qualquer outro do reino. Um homem ansiado pelo futuro.

Manteve-se imovel, colado à porta, na esperança de observar alguma alteração. Contudo, os gritos vindos do interior do quarto continuavam tão fortes como antes. Nem num campo de batalha tivera tanto medo como naquele momento. Numa batalha não se pensa, não se sente, age-se. Ali, impotente, sentia-se inútil e com medo por Saby, mas também por si próprio, receando perdê-la. Ela era-lhe mais preciosa do que qualquer coisa que pudesse ter na sua longa vida. Pediu silênciosamente a bênção e ajuda de todas as divindades existentes em Áurea assim como as que existiam no reino de origem da sua Rainha. Rezou para que todas o ouvissem e estivessem do seu lado, para que tudo terminasse bem, para ela e para o bebé que estava a vir a este mundo. Forçou-se a pensar no futuro risonho que todos teriam pela frente depois daquela noite, quando os ecos da voz de Saby parassem de percorrer os corredores como fantasmas assombrosos. E, com a visualização de um filho futuramente nos seus braços sentou-se mais uma vez no vermelho cadeirão que estava por perto.

- Tudo ficará bem – murmurou – as divindades são misericordiosas.

Tentou ignorar os pensamentos nublosos que atingiam a sua mente como espadas, e a voz interior que lhe sussurava ao ouvido “Um dia verás Saby morrer... sabes disso... terás de estar preparado.” Ele sabia. Era isso a sua benção e a sua maldição.

Quando se ouviu o choro de uma nova vida, sorriu e suspirou aliviado. O seu herdeiro tinha nascido e o sofrimento de Saby tinha terminado. Sentindo-me mais descansado, teve o pressentimento que tinha tido rapaz, não... era uma certeza. Era um belo rapaz que lhe sucediria no trono e se as divindades o permitissem transportaria consigo a marca de Áurea. Morrendo de curiosidade, preparava-se para invadir o quarto quando uma das aias mais novas o interpelou, agitando frenéticamente os braços, impedindo-o de entrar:

- São gémeos! São gémeos! O primeiro foi um rapaz! Sua reverência vai ter de aguardar...

Apanhado de surpresa deixou-se ficar imóvel. Tristeza e alegria estavam espelhadas simultaneamente nas suas feições. A tristeza por ir continuar a ouvir os gritos de Saby e a alegria de já ter um sucessor, e ainda por cima dois! Que bênção!

Sentou-se novamente. A mesma aia, que anteriormente lhe tinha dado a boa novidade trazia agora, embrulhado nos mais elegantes panos de linho beje, um bebé que lhe depositou nos seus braços. Era realmente magnífico! Olhos esverdeados e cabelos loiros, tão parecido com Saby!

Contemplou-o e embalou-o, não evitado soltar uma lágrima que era o reflexo da alegria e do amor que preenchiam o seu coração. Seria ele que destinado a unir todos os povos do reino? Ele falhara nessa missão. Com novo sangue vinha nova esperança.

Sobressaltou-se novamente. Novos gritos recomeçaram quase prendendo-lhe a respiração, tal era a angustia que sentia. Porém, o seu sofrimento pouco durou. No segundo seguinte, pela segunda vez nessa noite, podia ser ouvido o choro de uma nova vida.

- É uma rapariga – Comunicou-lhe a aia morena. Contudo a alegre expressão da rapariga tinha desaparecido. – Só mais um instante e já poderá entrar. A Rainha está muito fraca... infelizmente desmaiou... estamos a fazer todos os possíveis...

O seu coração apertou-se e tentou centrar-se no filho que tinha nos braços. O bébé tinha adormecido, aparentando uma calma extraordinária. E, miraculosamente, esse sentimento também lhe fora transmitido.

As aias continuavam a entrar e sair, panos, água, ervas... tudo passava à sua frente. Ele mantinha-se quieto com o seu pequeno herdeiro nos braços, nada mais podendo fazer do que observar e ter fé no futuro e no destino que estava reservado à sua familia.

- Vossa Excelencia, pode entrar agora, ela está a dormir mas vai ficar boa. – A aia mantinha-se séria apesar da boa nova. E, antes que ele tivesse tido tempo de colocar qualquer pergunta, a jovem criada de Saby saiu da sua presença em correria. Uma aia não corre. Teria de a repreender no futuro mas agora não era a ocasião para tal. A sua prioridade era ver Saby, saber como ela estava.

Entrou no quarto que cheirava a sangue e a suor, ansiando por vê-la. As janelas já se encontravam abertas e os primeiros raios de sol começavam a beijar os grossos cortinados. A calma tinha retornado após uma noite tão turbulenta.

Aproximou-se da cama. Perto da sua amada encontrava-se a velha parteira que tinha ajudado na realização parto, na concretização daquele milagre divino. Todas as restantes aias tinham saído.

A parteira, corcunda e com o seu cabelo mais branco do que as neves das montanhas do Norte, aproximou-se do rei fazendo uma reverência e de semblante triste indicou-lhe: - Lamento meu senhor, mas a Rainha não poderá ter mais filhos. Contudo, encontra-se bem, apenas necessita de repouso.

A velha mulher nunca se atreveu a olhar directamente os olhos do rei enquanto comunicava a desoladora notícia. Nór nada disse, limitou-se a fazer um gesto de concordância acenando a cabeça em forma de agradecimento e ela saiu do quarto dando por concluído o seu trabalho, deixando-o a sós com a sua jovem esposa.

Que importava que não pudesse ter mais filhos? Tinha dois e isso era mais do que o suficiente. E, principalmente, Saby viveria para os ver crescer.

Sentou-se à beira da enorme cama cujo coberto vermelho transmitia calor, energia e alegria ao quarto. Tentou fazer o mínimo ruído não querendo acordar a mãe dos seus filhos, depois de tanto esforço merecia mais do que nunca descansar. Porém, ela abriu devagar os seus olhos esverdeados e sorriu-lhe. Ao seu lado encontrava-se uma bebé de cabelos negros realçados por duas madeixas cor de fogo perto da testa. Nór sentiu-se explodir de alegria e os seus olhos negros, iguais aos de sua filha, encheram-se de lágrimas. Também ele tinha essas madeixas vermelhas tão relacionadas com o sangue dos seus antepassados. Uma mulher sábia! Ela tinha a marca sagrada de Áurea, ele não a veria morrer.

- Ivan e Nimia – susurrou Saby que parecia ter ainda dificuldades em respirar.

Nór colocou os gémeos um ao lado do outro e Ivan, tocando a irmã, começou a chorar furiosamente.


message 2: by Maria (new)

Maria (Maryaha) | 201 comments Mod
Gostei muito deste capítulo, o livro parece interessante e deixas o mistério no ar :b


message 3: by Claudia (new)

Claudia | 33 comments ufff é um alivio, pq o primeiro capitulo tem de ser bonzinho, especialmente quando o capitulo seguinte se passa nos nossos dias! :)


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