David Cardoso’s Reviews > História de Quem Vai e de Quem Fica > Status Update

"Uma co­mu­ni­dade que acha na­tural su­focar com os cui­dados dos fi­lhos e da casa tanta energia in­te­lec­tual de mu­lheres é ini­miga de si pró­pria e não se aper­cebe disso."

"[...] sem estas mãos ás­peras, [...] se nós, tra­ba­lha­dores, dei­xás­semos de la­butar, pa­rava tudo, o céu caía para a terra e a terra es­gui­chava para o céu, as plantas to­mavam conta das ci­dades, o Arno ala­gava as vossas lindas casas, e só quem sempre tra­ba­lhou é que sa­beria como so­bre­viver, ao passo que vocês dois, com todos os vossos li­vros, se­riam de­vo­rados pelos cães."

"[...] não se deve dar fi­lhos a pai ne­nhum, e ainda menos a Deus Pai, os fi­lhos têm de ser dados a si pró­prios; [...] por trás de cada dis­ci­plina está o ca­ralho, e quando o ca­ralho se sente im­po­tente re­corre à bor­doada, à po­lícia, às pri­sões, ao exér­cito, aos campos de con­cen­tração; e se não te ver­gares, se con­ti­nu­ares a pôr tudo em pol­vo­rosa, chega o mas­sacre."

"Es­cre­veste coisas porcas», disse, «coisas que os ho­mens não querem ouvir e as mu­lheres co­nhecem mas têm medo de dizer."
Eu não diria "porcas", mas é exatamente isto que a própria Elena Ferrante faz.

"As ope­rá­rias têm de deixar que os sub­chefes e os co­legas lhes apalpem o cu sem abrir a boca. Se o pa­trão­zinho tiver ne­ces­si­dades, al­guma terá de o se­guir até à câ­mara de se­cagem, o que já o pai dele re­queria, e talvez o avô também, e ali, antes de lhes saltar para cima, esse tal pa­trão­zinho faz­-­lhes um pe­queno dis­curso en­saiado, para dizer como o ex­cita o cheiro dos en­chidos."

Ainda não aconteceu nada de muito importante, mas já estou completamente Preso, mais uma vez.